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Como Treinar a Memória Operacional?

Como Treinar a Memória Operacional?

Como uma descoberta científica está mudando a maneira de entender e superar os limites do cérebro

 

 

Limitado pelo cérebro

Em junho de 2006, Chris Tonelli (19 anos) de Cleveland, Ohio, estava com medo de operar a caixa registradora da lanchonete onde trabalhava durante o verão. Apesar de sua personalidade bastante extrovertida e simpática, ele fugiu dessa tarefa aparentemente simples porque, por mais que ele tentasse, ele não conseguia manter o controle correto do troco que deveria dar aos clientes. De alguma forma, no momento em que ele abria a gaveta do caixa, os detalhes da transação escapavam e ele começava a lidar desajeitadamente com o dinheiro, enquanto a paciência do cliente acabava.

Não foi a primeira vez que Chris deixou de fazer algo por causa de sua incapacidade de se concentrar. Ainda jovem, diagnosticado com TDAH, a escola foi uma luta constante para ele. Ele não conseguia seguir as instruções do professor e gastava muito mais tempo para terminar as lições e as provas. Seu problema não era falta de esforço. Na verdade, ele era um bom jogador de hóquei com uma excelente ética no trabalho. A verdadeira barreira era outra coisa.

Em algumas poucas semanas, a vida de Chris mudaria drasticamente. Seu médico recomendou que ele tentasse um novo programa de treinamento cognitivo que estava começando a ser aceito como uma intervenção para os problemas de atenção. O programa era baseado em um conceito chamado “treinamento da memória operacional“, o qual seguia uma onda de investigações científicas que estava atraindo a atenção de médicos e psicólogos. A memória operacional é a habilidade cognitiva que nos permite manter e processar informações por breves períodos de tempo. É um conceito simples, mas extremamente importante para a vida cotidiana, e cada vez mais evidências mostram que é a base do aprendizado, do raciocínio e do planejamento.

O objetivo de Chris era exercitar rigorosamente a parte do cérebro que o manteria focado em sua tarefa e o ajudaria a raciocinar rapidamente sob pressão. A ideia parecia ser um tiro no escuro, mas ele não tinha nada a perder. Ele esforçou-se ao máximo em seu treinamento. E, logo, ele percebeu que conseguia concentrar-se melhor, como se o mundo ao redor dele tivesse desacelerado. Na lanchonete, ele começou a lidar com várias ordens sem perder nada. Os chefes dele ficaram impressionados com a reviravolta. Para ele foi como se uma grande barreira fosse removida de sua mente e sua confiança aumentou.

Chris não foi o primeiro a perceber mudanças em seu modo de viver e ele não será o último. Hoje, milhares de crianças e adultos ao redor do mundo também já desbloquearam seu potencial, ao melhorarem sua memória operacional. Alguns, como Chris, nasceram com déficits em sua memória operacional, como o TDAH e outras dificuldades de aprendizagem.

Outros adquiriram déficits por causa de um derrame ou do processo normal de envelhecimento. Outros ainda, simplesmente ficaram para trás por viverem em um ambiente agitado e exigente, no qual lutam para concentrar-se.
Hoje, centenas de especialistas nas áreas da medicina e psicologia estão abraçando o treinamento da memória operacional. Levaram essa abordagem inovadora para as clínicas e escolas ao redor do mundo e estão ajudando pessoas de todas as idades a obterem sucesso nas áreas de suas vidas que anteriormente estavam limitadas pela memória operacional ruim. Os pesquisadores das melhores universidades estão confirmando a eficácia da abordagem e exploram novas aplicações para o treinamento da memória operacional, examinando seu impacto poderoso em diferentes grupos, por exemplo, crianças que se submeteram à quimioterapia e vítimas de traumatismo cranioencefálico. Juntos, esses pesquisadores e profissionais da área médica estão redefinindo a maneira como nos preparamos para o sucesso na sala de aula, nos esportes, no trabalho e em outros ambientes.

Este vídeo desenvolvido pela Cogmed Brasil explica de forma concisa e precisa o que é memória operacional.Vale a pena assistir:

 

O número mágico:  Por que algumas pessoas operam em um nível mais alto 

“Sete, mais ou menos dois.” Esse é o suposto “número mágico”, introduzido em 1956 pelo Dr. George A. Miller, psicólogo cognitivo de Princeton. O que Miller propôs, com base em extensa pesquisa, foi que em média as pessoas conseguem lembrar sete coisas ao mesmo tempo. Para alguns de seus colegas de pesquisa, o número mágico era cinco. Alguns chegaram a concluir que o limite era um.

Mas, o que Miller e um número crescente de pesquisadores realmente estavam investigando era uma questão muito maior: Porque o cérebro de algumas pessoas está mais apto ao sucesso? E seus resultados parecem continuar apontando para um novo conceito chamado “memória operacional” como parte fundamental da resposta.

A memória operacional representa a capacidade do cérebro para armazenar e processar informações discretas sobre o que você está fazendo no momento presente. Eis uma maneira de entendê-la: Imagine que você está assistindo televisão e começa o intervalo comercial. Você rapidamente compõe uma lista mental de tarefas e começa a fazê-las antes que seu programa comece novamente. Seu processo mental é o seguinte: “Ir até a geladeira. Pegar uma bebida. Pegar um lanche. Olhar o e-mail. Correr de volta”. Mas assim que a palavra “email” aparece em sua cabeça, você lembra que precisa avisar seu colega de trabalho que a reunião da manhã seguinte foi remarcada. De repente, você se pega olhando para a geladeira e pensando “o que eu estou procurando?”

Como esse cenário mostra, claramente, a memória operacional tem limites. Se tentarmos focar em muitas coisas ao mesmo tempo ou nos distrairmos, as informações que tentávamos reter podem sair de nosso radar mental. Esse cenário é precisamente o que Miller e seus colegas estavam tentando entender e definir. E com razão – uma coisa é esquecer por que você foi até a geladeira, mas os mesmos processos cognitivos e habilidades que operam neste exemplo impactam milhares de atividades diárias muito mais importantes.

Por esta razão, pesquisadores como Miller veem o conceito de memória operacional como algo muito promissor. Pela primeira vez, foi oferecida uma lógica por meio da qual eles podiam entender as variações na capacidade de processar informações de uma pessoa. A explicação sugeria uma nova camada, além da inteligência, pela qual poderíamos entender melhor por que alguns obtêm sucesso e outros falham. Mais importante, ela ofereceu aos cientistas uma forma de explicar por que pessoas como Chris Tonelli tinham tanta dificuldade com determinadas tarefas.

O trabalho inicial de Miller foi seguido por debates intensos e pesquisas contínuas. Os estudos começaram a mostrar que a aprendizagem, o raciocínio, as prioridades organizacionais, o gerenciamento do tempo, a manutenção da atenção e a administração do estresse dependiam de uma capacidade de memória operacional saudável. Novas analogias foram concebidas para descrever adequadamente a importância fundamental da memória operacional. Alguns até a chamaram de “o motor da aprendizagem” ou memória de acesso aleatório (RAM) do cérebro. Os pesquisadores começaram a concluir que os déficits na memória operacional podem estar no cerne dos problemas de atenção e das dificuldades de aprendizagem e podem explicar porque algumas pessoas tendem a sufocar sob pressão.

Surgiu a concordância generalizada de que através da memória operacional, os cientistas estavam dando passos novos e importantes para a compreensão do funcionamento da mente humana. E, em seguida, rapidamente, o burburinho em torno da memória operacional desacelerou e cessou.

 

Uma capacidade fixa 

As novas descobertas e entendimentos intrigantes descobertos sobre memória operacional foram desafiados por uma pergunta maior: Se ela está funcionando mal, podemos fazer alguma coisa sobre isso?

A medicina, psiquiatria e psicologia responderam com um retumbante “não”. Entendia-se que a memória operacional era uma característica fixa – algo que nascia conosco e que não podia ser mudada. A percepção dessa realidade na comunidade científica destruiu as conversas que tinham surgido em torno do conceito de memória operacional.

Dr. Sander Weckstein, psiquiatra de crianças e adolescentes em Traverse City, Michigan, testemunhou o declínio da atenção dada à memória operacional. “Na verdade, não falávamos sobre memória operacional porque a suposição era a seguinte: se ela é fraca, não podemos fazer nada sobre isso,” ele diz. “Era um conceito interessante e vimos que tinha uma importância central, mas qual a importância dela se não tínhamos como abordá-la?”  Novo interesse sobre memória operacional

O interesse na memória operacional entrou em hibernação relativa até o momento em que uma série de avanços na neurociência mudou drasticamente nosso entendimento sobre as limitações do cérebro. Com o desenvolvimento da tecnologia de ressonância magnética funcional, os cientistas obtiveram uma perspectiva sobre o cérebro e, por meio dela, puderam observar melhor seu funcionamento e suas reações às influências externas e internas. A plasticidade do cérebro foi uma das descobertas mais importantes, isto é, que ele muda e cresce em relação às atividades repetidas. Por exemplo, a pesquisa atual mostra que o córtex parietal inferior esquerdo é maior no cérebro bilíngue do que nos cérebros monolíngues. De forma mais dramática, as pessoas podem ensinar a seus cérebros a refazer conexões após sofrerem acidentes traumáticos, algo que, décadas atrás, as deixaria com danos letais.   Em 1999, o Dr. Torkel Klingberg, pós-doutorando do Instituto Karolinska, em Estocolmo, foi inspirado por descobertas como essas. Tendo pesquisado a memória operacional por vários anos, ele queria ver se conseguiria melhorar a memória operacional através do treinamento computadorizado.

Mas construir um programa para treinar a memória operacional não foi uma tarefa simples. Para isso, ele chamou Jonas Beckeman e David Sjolander, programadores com experiência em desenvolvimento de jogos para as crianças. Eles entenderam o conceito de Klingberg e interessaram-se bastante em participar de um projeto que ajudaria as crianças com problemas de atenção. Depois de alguns meses, eles desenvolveram um programa semelhante a um video-game capaz de envolver e atrair o sentimento competitivo do usuário.

Com um programa de computador pronto, Klingberg iniciou um pequeno estudo para ver se a capacidade da memória operacional podia ser melhorada pelo treinamento. Se fosse bemsucedido, o estudo fundamentalmente desafiaria a noção de memória operacional como uma capacidade fixa.

“Vi em minha pesquisa que a memória operacional causa impacto a muitas funções distintas”, diz Klingberg. “Imaginamos que se pudéssemos treinar a memória operacional, as melhorias poderiam ser transferidas para muitas outras habilidades cognitivas e ter um impacto real na vida cotidiana”.  Um avanço na pesquisa

Trabalhando com Helena Westerberg, que na época era doutoranda em psicologia, Klingberg reuniu uma pequena amostra de catorze crianças, as quais iriam concluir um número definido de exercícios de treinamento computadorizados durante vários dias por semana, por cinco semanas. Eles decidiram que o estudo incluiria apenas crianças com TDAH, porque essa população tende a exibir problemas evidentes de memória operacional e quaisquer melhorias causadas pelo treinamento seriam provavelmente mais visíveis.

No dia seguinte ao estudo piloto, Westerberg, que não sabia quais alunos pertenciam ao grupo controle, estava conduzindo testes pós-treinamento quando ela deparou-se com alguns resultados notáveis. Ela percebeu que a capacidade de recordar informações de alguns alunos tinha aumentado drasticamente.

“Eu me lembro muito claramente que a Helena ficou surpresa já no primeiro dia”, diz Klingberg. “E acho que foi a primeira vez que me ocorreu que nós talvez tivéssemos atingido algo muito importante”.

O entusiasmo deles aumentou conforme os dados restantes foram sendo recolhidos e analisados. Os resultados mostravam que o treinamento havia afetado substancialmente a capacidade da memória operacional das crianças do grupo de tratamento.

“Nós ficamos muito surpresos e imediatamente vimos que isso teria grandes implicações, não apenas para as pessoas com TDAH, mas para qualquer um que estivesse déficit por causa de sua capacidade da memória operacional “, diz Klingberg.

 

Para terminar de ler este estudo desenvolvido pela Cogmed Brasil, baixe o arquivo em PDF neste link.

 

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Fonte: Cogmed Brasil

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