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Frequentes exceções

Quantas vezes você já foi consultado por um colega de trabalho sobre a possibilidade de abrir uma exceção num processo estabelecido na empresa? Sobre uma exceção num prazo ou na necessidade de uma assinatura? E quantas vezes você fez esse tipo de solicitações? Quando foi a última vez que você pediu para que alguém fosse colaborativo e aguardasse mais um dia para que você pudesse entregar o relatório que você não estava conseguindo terminar?

É bem possível que tenha sido muito mais fácil você enumerar as situações em que outras pessoas lhe pediram para abrir exceções do que aquelas em que foi você quem precisou se beneficiar da benevolência alheia. E a razão para isso está bem aí dentro do seu cérebro.

Antes mesmo de você pedir um favor para alguém, você simula mentalmente como será o diálogo e o resultado dele. Ao simular a situação, você calcula suas chances de sucesso. Mesmo que você não perceba que está fazendo isso, esta é uma propriedade do seu funcionamento cerebral.

E, é esta habilidade de simular o que pode vir a ocorrer no futuro, que dá ao ser humano uma das suas características mentais mais interessantes: a capacidade de pensar na relação causal entre uma atitude e sua consequência.

Alguns dos parâmetros mais importantes que usamos para pensar nisso são as informações que temos sobre a pessoa que será nossa interlocutora. Assim, com base naquilo que “acreditamos” que a pessoa pensa e vive, simulamos a provável reação dela ao que vamos falar. E é esta simulação mental que fazemos que nos dá coragem de ir até ela e pedir para que “uma exceção mínima sem importância seja feita só hoje”.

Mas será que as informações que usamos para fazer esse exercício mental estão isentas de nossos interesses?

Provavelmente não. Quando estamos dependendo muito daquele “favorzinho”, desconsideramos uma informação muito importante e que está facilmente disponível ao nosso cérebro: a quantidade de vezes que as pessoas pedem para serem desculpadas nos seus atrasos por conta de todos os acontecimentos que são comuns a todos nós como carros quebrados, encanadores na residência, filhos doentes, etc.

E por desconsiderar esta informação em nossa simulação mental é que ficamos bem chateados quando ouvimos um não. Quando alguém se nega a “quebrar nosso galho” imediatamente atribuímos aquela condição à intransigência, rigidez mental ou diferença pessoal.

Vamos fazer um exercício:

Na próxima vez que você for pedir para que alguma exceção seja feita, considere honestamente, sem se deixar influenciar pela sua necessidade, como este pedido será recebido por aquela pessoa. Coloque na conta da sua simulação mental quantas vezes esta pessoa recebe pedidos semelhantes ao seu. Use sua própria experiência para fazer esta conta.

Mas seja honesto: porque os pedidos de exceções são sempre muito mais frequentes do que deveriam ser? E qual a vantagem? Se usarmos as exceções para os momentos em que elas são realmente necessárias, sua incidência cairá dramaticamente. Aí vai ser bem mais fácil “fazer esse favor”.