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Há cura para o fundamentalismo religioso?

A pesquisadora da universidade de Oxford, Kathleen Taylor, e autora do livro “Brainwashing: The Science of Thought Control” (Lavagem cerebral: A Ciência de controle do pensamento) acredita que sim. Para ela, tornar-se seguidor radical a uma ideologia de algum culto religioso, pode ser fruto de algum distúrbio mental e não como escolha de livre arbítrio. O proposto é que, ideias carregadas por fortes emoções não passam por uma análise crítica da nossa consciência, o que geraria uma falta de senso crítico da ideia a ser seguida. Quando esse processo começa, a vítima não fica sabendo para onde está sendo levada nem quais crenças e comportamentos vai adotar no final. Mas, para que essas novas convicções sejam estabelecidas, entra em ação a arma usada para tirar o córtex pré-frontal do caminho: emoções fortes.

Por isso se diz que a ideia é relacionada à sensação: sempre que aquele assunto vier à tona, a sensação vem a reboque, num processo conhecido como reflexo condicionado. É o que acontece em um culto daqueles bem intensos, em que a pessoa dança, canta, grita, inunda o corpo de endorfina. Inconscientemente, a sensação de bem-estar passa a ser associada àquela religião.

“Quando algo provoca uma reação emocional, o cérebro se mobiliza para lidar com ela, destinando poucos recursos a reflexões”, explica Kathleen Taylor.  “É exatamente nessa hora que a emoção pode ser ligada a uma ideia”.

Outro fator que Kathleen Taylor cita em seu livro é que, quanto mais redes cognitivas o cérebro de uma pessoa tiver – mais associações, ideias, opiniões, informações, experiências -, menos manipulável ela se torna. Desenvolver a criatividade, pensar sobre a vida, questionar o que é escutado e lido, aprender coisas novas, estudar as relações entre assuntos aparentemente não relacionados, tudo isso deixa o cérebro mais resistente a manipulações. Isso não significa apenas resistir a casos extremos de controle da mente, mas também enxergar com senso crítico o horário eleitoral, as conversas de bar, as mensagens publicitárias e, por que não, tudo o que sai na mídia.

No entanto, ser persuadido e mudar de ideia não tem problema nenhum. Uma conversa com alguém que admiramos ou que tem autoridade sobre nós pode mudar de verdade nossas crenças.
Para a escritora Kathleen Taylor, a principal arma para evitar manipulações é, basicamente, “parar e pensar nas coisas”. Sem se deixar levar pela afobação, fica fácil resistir tanto ao discurso nacionalista de um político quanto ao papo emocional de um pregador religioso.

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