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Três insights da Neurociência para lidar com a incerteza

O conhecimento em Neurociência pode te ajudar a lidar com a incerteza que tomou conta do nosso cotidiano depois da pandemia da Covic-19

A principal característica do ano de 2020 é a incerteza. Nunca antes vivemos em uma época em que a incerteza estivesse tão presente em todos os lugares. Nenhum setor ou mercado foi poupado da necessidade de ter que se adaptar a cenários tão incertos e imprevisíveis.

E aqui mora o problema: como humanos, achamos a incerteza mais estressante do que a certeza do fracasso iminente. Um experimento de 2016, publicado pela National Library of Medicine,  mostrou um exemplo de como esse fenômeno funciona: os participantes que eram informados de que teriam 50% de chance de receber um choque elétrico estavam mais estressados ​​do que aqueles que foram informados que teriam 100% de chance de receber um choque.

No contexto dos negócios, é muito menos desgastante para um líder ter que  lidar com os resultados ruins de um determinado período conhecendo os motivos pelos quais eles não tiveram o desempenho desejado, do que não ter ideia do que está por vir.

O conhecimento em Neurociência pode te ajudar a lidar com a incerteza que tomou conta do nosso cotidiano. Seguem algumas dicas de como você pode fazer isso:

1. Liberte-se da ‘visão de túnel’ causada pelo estresse.

A incerteza impossibilita a nossa preferência natural por prever eventos futuros. Ela eleva os níveis de estresse e ansiedade ao ativar a amígdala (o centro do medo no cérebro), e coloca o cérebro no modo de “visão de túnel”.

Isso significa que sua visão fica “estreita”. É um mecanismo de sobrevivência para ajudar a focar sua atenção na “ameaça” imediata. Infelizmente, esse estado também atrapalha o seu raciocínio lógico, o que não o ajuda a lidar com a incerteza.

E são os seus olhos que podem te ajudar a sair desse estado. Uma pesquisa de outubro de 2018 conduzida pela dra. Lycia D. de Voogd do National Center for Biotechnology Information, nos Estados Unidos e publicada no Journal of Neuroscience descobriu que olhar de um lado para o outro enquanto estiver andando (por exemplo, caminhando na rua ou andando de bicicleta) tem o efeito de “acalmar” a amígdala.

Em outras palavras, você pode “enganar” seu cérebro para se livrar da visão de túnel causada pelo estresse fazendo algo tão simples como dar um passeio ao ar livre.

Ao caminhar para a frente, nossos olhos examinam naturalmente o espaço à frente e também lateralmente. Isso dispara um processo que diz ao seu cérebro: “Viu só?! Não há ameaça à frente. Então pode relaxar!” Assim você consegue acalmar a sua amígdala e sai do estado de luta ou fuga que a ameaça proporciona.

E os benefícios não param por aí. De acordo com um estudo conduzido em 2018 pelo dr. Andrew Huberman do National Institute of Neurological Disorders and Stroke e publicado na revista científica Nature,o tálamo ventral linha média é a parte do cérebro responsável por enfrentar a ameaça, ao contrário da resposta de fuga ou congelamento.Os movimentos oculares que vão de um lado para o outro envolvem essa parte do cérebro que incentiva o atrito, aumentando a coragem para enfrentar a ameaça.

Em uma recente entrevista, um dos pesquisadores, Dr. Andrew Huberman de Stanford, falou sobre como andar para frente quando estiver enfrentando o estresse ativa o circuito vencedor no cérebro (ligado à ousadia e coragem).

Portanto, da próxima vez que você se estiver sofrendo de estresse por conta da incerteza, ao invés de bater a cabeça no teclado do laptop, tire os olhos da tela, levante para caminhar um pouco e amplie a sua visão.

2. Dê um novo sentido a sua luta.

Diante da incerteza persistente, a tendência natural é desistir. Por quê?

A neurociência sugere que é devido a uma ausência prolongada de dopamina no cérebro como resultado de não conseguir atingir objetivos devido a circunstâncias imprevistas ou outros fatores.

Alcançar metas no trabalho aumenta a motivação, pois ativa continuamente as vias de recompensa da dopamina em seu cérebro. Mas o que você pode fazer para repor sua dopamina quando nem mesmo consegue ter objetivos claros?

Existe um truque para isso, porque a dopamina também pode ser liberada durante a jornada para atingir o objetivo. No entanto, o pré-requisito necessário é deixar claro que sua perseverança e luta estão alinhadas com seu propósito abrangente.

Este é um insight poderoso porque indica que se você conseguir reformular o sofrimento e a “dor” que vêm da incerteza como parte da jornada, você será capaz de explorar os caminhos da recompensa e aumentar seu impulso para cruzar a linha de chegada que ainda não foi definida.

Primeiro, você precisa ser claro quanto ao seu propósito. É importante ressaltar que você precisa recompensar continuamente essas etapas adicionais. Reserve um momento para apreciar seus esforços. Diga a si mesmo: “Estou no caminho certo. Ainda estou avançando em direção aos meus objetivos, mesmo que não estejam claros. Este sofrimento tem um propósito”.

Por exemplo: uma gerente aceitou um cargo de alto escalão que envolvia a criação de uma equipe altamente especializada. Ela estava animada por ter uma equipe, mas teve dificuldades para se motivar durante o processo de recrutamento. Por causa da incerteza do setor, ela achava difícil encontrar o nível certo de especialização nos candidatos. Ao reconhecer que a “luta” do recrutamento era parte de um propósito maior (o de criar o time dos seus sonhos), ela começou a reformular a luta como uma parte essencial da busca pela criação da equipe. Ela conseguiu “enganar” a via de recompensa de dopamina em seu cérebro. E você também pode.

A pergunta a se fazer em sua jornada é: “Esta decisão, essa tarefa, esta ação está me aproximando do meu propósito maior?” Cada “sim” que você responde aumenta sua capacidade de continuar persistindo. Cada passo dado em direção à meta, quando recompensado, motiva você a seguir em frente.

3. Encare a incerteza como uma oportunidade de aprendizado.

Daeyeol Lee, professor de neurociência em Yale, disse: “Só aprendemos quando há incerteza, e isso é uma coisa boa.” Em sua pesquisa, publicada na revista Neuron[MA17]  em 2018, descobriu que há maior atividade neural no córtex pré-frontal quando nos confrontamos com a incerteza, e é nesses ambientes que o cérebro está pronto para aprender.

Uma implicação dessas descobertas é que, embora uma das reações humanas naturais durante a incerteza seja correr e nos esconder, essas são situações em que podemos aprender mais sobre nós mesmos e nosso potencial oculto.

Portanto, reveja o seu relacionamento com a incerteza como uma oportunidade de aprender e descobrir, ao invés de vê-la como uma ameaça. E use isso como combustível para impulsioná-lo em busca de seus objetivos. Isso vai te ajudar a regular seu estado mental, melhorar seu desempenho e até mesmo transformá-lo em uma inspiração para outras pessoas em tempos difíceis.

Fonte: forbes.com


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