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O que te faz inteligente?

O cérebro de Einstein foi cuidadosamente retirado, exaustivamente fotografado, cortado em 240 blocos e depois preparado histologicamente em 2000 lâminas por Harvey em 1955, logo depois da morte do físico que revolucionou sua ciência. Essas fotos e lâminas foram distribuídas para muitos cientistas ao redor da Europa e Estados Unidos. Naquela época, notou-se que o cérebro de Einstein aparentava ser menor do que os outros. A análise das lâminas revelou que a quantidade de células da glia era maior no cérebro de Einstein. Esses resultados fizeram a comunidade científica afirmar que não havia nada de mais no cérebro de Einstein que justificasse sua incrível capacidade de pensar, imaginar, criar.

É muito antigo o desejo que temos de associar características físicas (cerebrais) às capacidades cognitivas. O evidente componente genético que está associado à inteligência parece querer demonstrar que aspectos biológicos estão francamente associados ao desenvolvimento das capacidades cognitivas de um indivíduo. E a neurociência aplicando suas técnicas cada vez mais precisas e minuciosas parece estar se aproximando de algumas respostas a este questionamento.

Em 2006, um grupo de cientistas do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA publicou resultados de um estudo em que 307 crianças foram acompanhadas dos 06 aos 19 anos e durante este período foram submetidas a exames de imagens cerebrais que revelaram a espessura do córtex cerebral nas diferentes idades. Crianças mais inteligentes apresentavam um desenvolvimento cortical mais lento e o declínio na espessura cortical que ocorre devido à poda neural característica deste período também ocorria mais lentamente nas crianças com melhores resultados nos testes de QI (veja uma revisão sobre o assunto). Além disso, estudos mais minuciosos realizados pelo grupo da antropóloga Dean Falk a partir das fotos do cérebro de Einstein quando comparadas a fotos de outros 85 cérebros (veja o site do grupo) demostraram diferenças notáveis no córtex visual  e no córtex pré-frontal de Einstein. Resultados ainda mais expressivos foram apresentados a partir da análise do corpo caloso do físico (veja a íntegra da carta publicada na Brain).

Sem querer causar grandes polêmicas, o que provoca estas diferenças apresentadas? Será que é a mesma mistura de sempre entre tendência genética e ambiente promissor? Ou há algo a mais que promove conectividades incomuns? Estive pensando que dois aspectos precisam ser considerados e analisados: a participação do automatismo cerebelar nos processos cognitivos e a relevância que as emoções tem no processamento neural do indivíduo. Ambos fatores podem pesar na balança para produzir maior ou menor capacidade cognitiva. Mas eu explico isto em outro post.

Que tal você ler um pouco mais sobre isso e colocar seu ponto de vista aqui?

9 comentários sobre “O que te faz inteligente?

  1. Como bem salientado, o cerebelo, possivelmente, tem função determinante na inteligência. Afinal, o raciocínio, pela junção e construção de ideias, é uma espécie de ação, mesmo que mental, para o indivíduo que pensa. Logo, o cerebelo teria papel fundamental nesta construção e vivência. Pensar é um ensaio do movimento possível… isso me faz lembrar que as espécies que melhor manejam o ambiente tende a ser mais inteligentes, ou seja, mais adaptadas às demandas ambientais…

  2. Complementando o que o Rone Lopes disse, também esta associado a uma alimentação saudável para pleno desenvolvimento físico e intelectual.

  3. O que exatamente fez com que Einstein fosse considerado inapto para a escola? E seus pais, como eram? O que ele fazia quando criança? O que era permitido? Qual o ambiente em que vivia? Quais estímulos recebeu? [Ou deixou de receber]. Creio que antes de se querer saber algo fisicamente, há que se saber essas e muitas outras questoes. Daí haverá um caminho….

  4. Olá, caríssima Mercedes! Com certeza, estes aspectos que você está levantando são cruciais para o desenvolvimento do indivíduo e podem estar diretamente relacionados com esta inteligência intrigante que Einstein manifestava. Mas quero perguntar uma coisa a você: será que analisando o cérebro de Einstein postmortem não estaríamos justamente observando as manifestações físicas destas variáveis ambientais e genéticas? Um beijo e obrigada por acompanhar nossas publicações!

  5. Existem ainda todos os processos biológicos e químicos que estão diretamente ligados ao processo de manifestação da inteligência . Os estudos postmorten , a meu ver, são irrelevantes no intuito de mensurar a inteligência de um indivíduo … Até porque a neurociencia hoje , discute a plasticidade cerebral. E fica a questão : a inteligência reside especificamente no cérebro ? Os pensamentos e a construção da consciência serão fruto deste órgão ?

  6. Olá, Alessandra! Agradeço seu interesse no blog e seu comentário. Porém, para esquentar a discussão, os estudos postmorten podem justamente nos mostrar quais foram as alterações plásticas que ocorreram ao longo da vida do indivíduo que pudessem justificar a inteligência demonstrada funcionalmente. A plasticidade neuronal é responsável por todos os processos de aquisição e manutenção de informações e aprendizados e poderíamos verificar se o número de neurônios ou de conexões é diferente em indivíduos considerados mais inteligentes. Quanto ao seu comentário sobre o papel do cérebro no pensamento e na consciência, isso ainda é assunto que reside no mundo das crenças monistas ou dualistas e aí, eu tenho a minha crença mas a ciência ainda não bateu o martelo em definitivo. Um grande abraço!

  7. Como educadora, sinto o que torna Inteligente o ser humano é o conjunto de estímulos, que acordam a percepção através da alimentação. Movimentos. Calor, conforto físico, atenção e emoções! Afeto e emoções são as chaves para se desenvolver ato estima. Confiança e prazer em aprender! Ser inteligente é entender como funcionam os processos do aprender! Bjssss

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