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Ocitocina e as mentiras

Um achado recente e intrigante sobre o hormônio ocitocina pode modificar a forma que entendemos a influência deste hormônio no comportamento humano. A ocitocina está diretamente relacionada a eventos reprodutivos, entre eles o parto, o orgasmo feminino e a lactação. Por esta e outras razões já foi fortemente relacionada ao amor, ao engajamento e diferentes manifestações afetivas positivas relacionadas a outras pessoas ou grupos de pessoas.

Porém, na semana passada, resultados publicados na PNAS mostraram um lado interessantíssimo e um tanto obscuro dos efeitos deste hormônio no comportamento. Homens que receberam ocitocina através de um spray nasal tiveram um tendência aumentada de mentir para defender os interesses do grupo. Quando a mentira beneficiaria somente o próprio indivíduo, a injeção de ocitocina não modificou o comportamento dos indivíduos tratados quando comparados aos indivíduos controle (não-tratados com ocitocina), quer dizer, eles mentiam na mesma proporção. Já, quando a mentira poderia proporcionar ganhos ao grupo como um todo, os indivíduos tratados mentiram muito mais.

Estes resultados produzem um questionamento interessante sobre o valor da mentira e da enganação como ferramenta de sobrevivência do grupo e conduz a uma relação estranha entre amor e comportamento antiético.

6 comentários sobre “Ocitocina e as mentiras

  1. Fantástico.
    Ao ler esse artigo, lembrei dos processos de Coaching os quais aplico, bem como as aulas. Em alguns casos, tive clientes que buscavam serem aceitos nos grupos, e usavam de estratégias bem interessantes. Eu sabia quais estratégias, durante a sessão, mas não sabia como o cérebro desses clientes as arquitetavam. Adorei.

    Conversando com uma enfermeira experiente, ela me contou que, algumas experiências de trabalho de parte que ela era a enfermeira, os médicos costumavam, no exato momento em que a bolsa estava para ser furada, e que houvesse já as contrações, aplicavam injeções de ocitocina com o intuito de que ajudasse nas contrações e facilitasse na execução do parto.

    Estou maravilhado!!!

    Adorei o artigo, Professora.

  2. Interessante! Ao ler esse artigo fiquei curioso em saber mais sobre os níveis de ocitocina nos diversos animais e humanos – Animais que convivem mais em grupo e aqueles que convivem mais sozinhos. Animais que apresentam comportamentos mais altruístas e outros mais coletivos. Sera que a ocitocina eh um elemento importante nos comportamentos que valorizam o grupo? Eu soube que as tartarugas depositam seus ovos na na areia e voltam para o mar. E depois de 60 dias os filhotes quebram os ovos e partem para sua jornada de aproximadamente 100 metros para o mar. E isso faz suas chances de sobreviver ate a vida adulta diminuir. Soube também dos comportamentos das zebras, que enquanto a maioria delas comem sossegadas pela savana, algumas poucas ficam como sentinelas protegendo o grupo. Caso um leao se aproxime muito, as sentinelas começam a correr e alarmar o perigo!

  3. Acho que nem todos os comportamentos gregários estão relacionados à ocitocina. Este hormônio, liberado pela neurohipófise, está muito relacionado ao comportamento reprodutivo de mamíferos. Mas vale a investigação. Se descobrir algo, não deixe de postar por aqui!

  4. Importante ressaltar que os hormônios e neurotransmissores precisam ser vistos como panos de fundo do comportamento. Assim, da mesma forma que a liberação de dopamina a partir do mesencéfalo sobre os núcleos da base e córtex pré-frontal produz uma tendência a execução de determinados tipos de comportamentos, a ocitocina, em especial, tem se revelado como um hormônio importante para a sobrevivência do grupo! Que bom que você tem aproveitado nossos posts! Um abraço!

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